Osasco recebeu nos dias 26 e 27 de março, no Centro de Formação dos Profissionais da Educação, mais de 300 profissionais dos palcos, vindos de 20 estados e do Distrito Federal, para o Congresso Brasileiro de Teatro 2011. O evento também reuniu autoridades e grandes nomes da dramaturgia nacional, entre elas a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, o senador Eduardo Suplicy, os atores Sérgio Mamberti, (secretário Nacional de Políticas Culturais) e Antônio Grassi (presidente da Funarte – Fundação Nacional de Artes). Para a classe artística o encontro em Osasco representou um marco histórico, porque aconteceu depois de um intervalo de 32 anos. O último foi realizado em Arcozelo, Rio de Janeiro, em 1979.
O Congresso, proposto pela Cooperativa Paulista de Teatro e com o apoio da Rede Brasileira de Teatro de Rua e da Secretaria da Cultura de Osasco, teve como objetivo estabelecer as plataformas de luta da categoria para os próximos anos. Durante dois dias, representantes de movimentos, redes, cooperativas, associações, sindicatos, acadêmicos, fóruns, grupos e companhias, puderam discutir sobre os rumos e as ações da categoria. O encontro resultou na Carta de Osasco, que foi entregue à ministra Ana de Hollanda.
Bastante satisfeito com os resultados do Congresso, o secretário da Cultura de Osasco, Luciano Lub, salientou que a cidade passa a fazer parte da história nacional do teatro. “É motivo de honra fazer parte dessa construção conjunta, coletiva e democrática que os trabalhadores das artes fazem neste momento. Quero saudar a todos e espero que tenham aproveitado a estada em Osasco. A construção da Carta de Osasco insere definitivamente o município na história da cultura brasileira”, disse.
No encerramento do encontro, o prefeito Emidio de Souza fez questão de destacar que Osasco é uma terra em que se faz história, não somente na parte cultural, mas também na política e na resistência à ditadura militar. “Foi daqui que muitos se levantaram para que o Brasil vivesse o período democrático, também foi daqui que muitos se projetaram para a cena política nacional, cultural e esportiva”, frisou.
Ele aproveitou ainda para destacar a trajetória de Ana de Hollanda, hoje ministra, mas que já foi secretária de cultura de Osasco nos anos 80. “É uma pessoa vinculada à cultura de Osasco”, afirmou desejando que a Ministra encontre a pasta da Cultura com políticas adequadas para fazer o Teatro brilhar cada vez mais e impedir que o teatro de rua seja reprimido como tem acontecido em muitos locais.
AS PROPOSTAS – Entre as propostas elencadas na Carta de Osasco estão: a elaboração de instrumentos jurídicos que regulem a ocupação dos prédios públicos ociosos, bem como imóveis que tenham possibilidade de agregar os artistas; fazer mobilização nacional pela votação imediata do Prêmio Teatro Brasileiro; aprovação imediata do Projeto de Lei ProCultura; e a definição do dia 27 de março como o Dia Nacional de Mobilização do Teatro. Além disso, foi definida a data do 2º. Congresso Brasileiro de Teatro, nos dias 6, 7 e 8 de abril de 2012, em Brasília, Distrito Federal.
A programação do Congresso incluiu ainda as palestras “A História dos Últimos Congressos de Teatro no Brasil – O Encontro de Arcozelo em 1979”, por Cezar Vieira, líder do Teatro União e Olho Vivo e o “O Processo de Construção do Programa Prêmio Teatro Brasileiro”, com Luis Carlos Moreira, diretor do Engenho Teatral; plenárias, debates e apresentações teatrais. Nos intervalos os participantes podiam aproveitar para recarregar as energias com as refeições especialmente preparadas pelos Empreendimentos de Economia Solidária, os buffets As Meninas do Quilombo, Camafeu Dourado e Vitória Festa Sabor.
Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Ney Piacentini, o Prêmio Teatro Brasileiro não é destinado apenas para grupos e companhias, mas também para os produtores. “Não queremos nos dividir, mas sim trazer mais benefícios para a população, já que quando o empresário brasileiro pega R$ 1 milhão e cobra R$ 150 por um espetáculo, a população já pagou por essa produção, mas não tem direito a entrar no teatro”, explicou, agradecendo a maneira acolhedora como todos os participantes foram recebidos em Osasco. “Quero dar viva à toda equipe da Secretaria de Cultura da Osasco, e viva à Economia Solidaria. É uma honra para nós, jovens que sonhavam fazer teatro, participar desse congresso”, complementou.
Também presente ao evento, o secretário Nacional de Políticas Culturais, Sérgio Mamberti, disse que foi uma honra participar do congresso, principalmente por sua simbologia. Opinião dividida pelo presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Antônio Grassi, que aproveitou o encontro para convidar os participantes a realizarem o próximo Congresso nas dependências da Funarte, em Brasília.
Após receber a Carta Osasco, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, falou sobre a importância da cidade em sua formação profissional. “Osasco foi uma escola para mim. Sempre fui uma pessoa muito militante, mas foi aqui que aprendi o que é a gestão da cultura, aprendi a entender o que a sociedade precisava e como trabalhar com os poderes públicos. Hoje estou em Brasília, mas vejo que Osasco era um microcosmo do que estou vivendo nesse momento”.
Também prestigiaram o evento o senador Eduardo Suplicy, os deputados Vicente Cândido (Federal) e Marcos Martins (Estadual); Silvestre Ferreira, secretário de Cultura de Joinville; a secretária adjunta da Cultura de Osasco, Alenice Abrantes; o vereador João Gois; Damásio Soares, da Comissão Paulista dos Pontos de Cultura; Adriano Paes, da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura; Giancarlo Magno, da Rede Brasileira de Teatro de Rua; Marília de Abreu, da Cooperativa Brasiliense de Teatro; Zé Renato, diretor, e João das Neves, dramaturgo, diretor, ator e escritor; entre outras autoridades.