“Espero que todos possam beber dessa fonte [dos resultados do projeto], por isso vamos remeter um documento final a todos os partidos, que deverá ser considerado uma agenda da cidade”, disse Emidio de Souza
No sábado, 29 de março, aconteceu, no colégio Nossa Senhora de Misericórdia, o Seminário do Projeto Osasco 50 Anos, penúltima etapa da primeira fase do projeto, que teve como objetivo discutir as propostas já apresentadas, ouvir novas sugestões e reafirmar as que foram estabelecidas até o momento, verificando possíveis lacunas nas metas elaboradas.
O Osasco 50 Anos é um projeto de caráter suprapartidário, que tem o objetivo de planejar a cidade para a chegada de seu cinqüentenário em 2012, visando um crescimento racional, orientado e afinado com o desejo da população.
Na abertura do evento, foi apresentada uma esquete da Companhia Brancaleone de Teatro, sob o título “Cadê Minhas Meias?”, que ressaltava a importância da participação popular dentro do Projeto, para discutir problemas coletivos. “Pela primeira vez a população tem a oportunidade de ser sujeito de sua história”. Com esta frase a personagem da atriz Tati Olsen marcou o espírito da mensagem. Também integraram o elenco Kadu Kosmalski e William Lima.
Na seqüência aconteceu a solenidade de abertura da plenária, com a presença do prefeito Emidio de Souza. Formaram a mesa de trabalho a primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade Marcia Abreu; o deputado estadual Marcos Martins; o deputado federal João Paulo Cunha; o secretário de Habitação Sérgio Gonçalves; o presidente da Ordem dos Emancipadores de Osasco, José Geraldo Setter; o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Jorge Nazareno; o vice-prefeito Faisal Cury; e o jornalista Roberto Espinosa, conselheiro e coordenador do projeto.
Marcos Martins lembrou que, no período de ditadura militar, as pessoas não podiam se reunir para reivindicar atos do governo. “Era considerado ato subversivo. Em conseqüência, tivemos que engolir o aumento do desemprego, da miséria e da exclusão social. Foram presos professores, operários, e intelectuais”, relatou, dizendo que, em 1968, Osasco foi cenário do início da retomada da liberdade do país. “A deflagração da greve dos metalúrgicos de Osasco ajudou que tivéssemos, hoje, democracia e liberdade. E agora, vivemos na cidade mais um momento de participação popular, ressaltando o espírito democrático de nosso povo, que se reúne e discute o nosso futuro”.
Já João Paulo disse que o prefeito Emidio de Souza foi “muito feliz em descobrir este projeto, que parte de uma idéia simples, mas tem um caráter genial”. “Para prepararmos uma cidade, temos que lançar mão do planejamento. Osasco é uma cidade nova, mas cresceu rapidamente, criando um adensamento populacional muito grande”, disse
O prefeito Emidio de Souza, por sua vez, ressaltou o esforço realizado por todas as pessoas envolvidas no projeto para conseguir pensar coletivamente o futuro de Osasco. “O projeto busca planejar minimamente ações para a cidade, envolvendo a iniciativa privada, o poder público, a sociedade civil e as ONGs. Osasco vai ser muito melhor e se destacar mais ainda. Não há cidade que desenvolva a qualidade de vida de sua população, sem planejamento”, comentou, apresentando exemplos na área de educação. “Estamos combatendo o analfabetismo na cidade [que atinge atualmente 9,4% da população com mais de 15 anos de idade] com programas como o Mova, o Brasil Alfabetizado e a EJA. É inaceitável que Osasco apresente um índice desses, que é decorrência da falta de planejamento no passado”, disse.
Emidio também destacou a falta de planejamento em saneamento básico, que acarreta problemas como a mortalidade infantil – índice que foi reduzido no município, de 16,2 mortes por mil nascimentos em 2005, para 12,6 em 2006 , o menor coeficiente da história de Osasco. “Se não conseguirmos oferecer condições básicas de saneamento e de habitabilidade, não será construindo novas unidades de saúde que vamos resolver o problema”, disse. “Osasco foi na contramão na questão do saneamento, passando para o governo do Estado, no final dos anos 90, o serviço de água e esgoto. Agora, temos que negociar com a Sabesp toda e qualquer demanda da nossa população. Temos que retomar nossa autonomia para podermos desenvolver uma política de qualidade”, afirmou.
O prefeito orientou os mediadores dos eixos temáticos do Osasco 50 Anos, dizendo que o projeto deve trazer propostas factíveis e que as idéias não devem ser movidas por disputas partidárias. “O projeto é da sociedade e não do governo. Pode ter nascido na administração, mas só funciona quando passa para os braços da sociedade. Espero que todos possam beber dessa fonte, por isso vamos remeter um documento final a todos os partidos, que deverá ser considerado uma agenda da cidade”, afirmou, solicitando ainda que fosse formado um Conselho com a função de acompanhar a realização das políticas sugeridas. “Só a democracia permite momentos como este. Não há uma pessoa mais capacitada e inteligente do que todos nós juntos”, concluiu.
Também estiveram presentes ao evento aos secretários municipais Luiz Antônio Urban (Cultura), Dulce Helena Cazzuni (Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão), Alcides Valente (Indústria, Comércio e Abastecimento), Gelso Lima (Saúde), Waldyr Ribeiro Filho (Obras e Transportes), Estanislau Dobbeck (Finanças), Jorge Lapas (Governo) e Maria José Favarão (Educação), além dos coordenadores Alenice Abrantes (Orçamento Participativo) e Roque Aparecido (Relações Internacionais).
Entre os participantes do seminário estavam ainda: Rozênio Nazareno Vitório, presidente da Fesabo (Federação das Sociedades Amigos de Bairro de Osasco); Amir Gomes, presidente do Sescon (Sindicato das Empresas de Contabilidade), Pietro Mignozetti, presidente da Associação de Arquitetos e Engenheiros de Osasco; e Francisco Chagas Machado, presidente do Lions Clube de Osasco.
Histórico
De setembro a outubro de 2007 aconteceu a constituição do projeto Osasco 50 Anos. Na seqüência, teve início a etapa de coleta de sugestões junto à sociedade civil de Osasco, e paralela sistematização, com a operação dividida em 9 eixos temáticos – Desenvolvimento Urbano e Qualidade Ambiental, Desenvolvimento Econômico, Saúde, Educação, Identidade Cultural, Política Esportiva, Inclusão Social e Cidadania, Reforma e Modernização do Estado e Segurança Pública e Combate à Violência. Cada um desses grupos teve uma média de cinco reuniões para catalogar e discutir todas as propostas apresentadas. Ao final, cada eixo desenvolveu um texto básico, e, entre janeiro e fevereiro deste ano, apresentou a síntese para o prefeito e para o Conselho do Projeto.
A próxima fase será de divulgação das conclusões para a população em geral.