Alguns espaços da Secretaria de Cultura de Osasco ganham novos contornos e nuances com as pinceladas em grafite e muralismo de estudantes da Escola de Artes César Antonio Salvi. Na tarde de sexta-feira, 21 de outubro, professores começaram os trabalhos artísticos com aproximadamente 15 estudantes, entre 8 e 15 anos, de intervenção urbanística em áreas e próprios públicos, que devem acontecer permanentemente na cidade de Osasco.
Nessa etapa, os estudantes realizaram pinturas em tampas de rede de águas pluviais nas dependências da Secretaria de Cultura, localizada na avenida Visconde de Nova Granada, 513, Jardim Alvorada. O projeto piloto é idealizado do diretor da Escola de Artes, Dario Bendas, figura histórica e respeitada no cenário cultural da cidade de Osasco. “Visamos estimular outros alunos a também aderirem à prática. Esse evento é uma reivindicação dos estudantes, que nos pediram um espaço para sua produção”, disse Bendas, que explicou que a Escola de Artes possui cerca de 2 mil estudantes matriculados em diversas linguagens oferecidas, sendo 1 mil integrantes das oficinas de artes plásticas.
Os professores e artistas plásticos André Monteiro e Thaís Salles, que levaram primeira turma, falaram sobre a motivação dos estudantes. “Este é um trabalho que literalmente ficará marcado para os alunos. Sempre que eles passarem pela Secretaria irão visualizar a pintura de autoria deles. O processo de criação é mais importante que o resultado final”, disse André. “Os alunos que estão aqui abraçaram a arte para si e demonstram muita maturidade. Não importa a qualidade, mas a motivação e a alegria no rosto deles”, complementou Thaís, explicando que a Escola de Artes, além de ser um celeiro de talentos capaz de estimular artistas, oferece base teórica de sustentação para diversos profissionais hoje renomados em suas carreiras artísticas Brasil afora.
O jovem Arthur Rodrigues da Silva, de 12 anos, está na Escola de Artes desde os 8, incentivado pela irmã, de 15 anos, que também passou pela escola. Ele disse ter encontrado dificuldades para escolher sua pintura, uma paisagem do fundo do mar, com peixes. “A gente vai deixar nossa marca por muito tempo. Quem passar vai reconhecer nosso trabalho. Quando crescer, vou ficar orgulhoso do que fiz. A pintura você sente e hoje tenho certeza que tentei fazer meu melhor e por isso fico contente. Hoje pinto apenas como hobbie, mas nada impede que eu seja pintor profissional”, opinou. Ele, que explicou ter ficado em dúvida entre pintar algo abstrato ou concreto e afirmou ter feito a pintura inspirada no filme de literatura infantil “Ponte para Terabitia”.
Maria Luisa Pinheiro, de 9 anos, e Juliana di Roberto, de 13 anos, também ficaram satisfeitas com o trabalho e as pinturas. “Se deixassem, a gente pintaria o prédio inteiro, porque não tem limite a pintura e nem a arte. Nossa imaginação é que diz e a única coisa difícil seria reunir gente suficiente para fazer um desenho em conjunto”, revelou a caçula da turma, incentivada pela mãe há apenas 6 meses atrás a se matricular na Escola de Artes. “Eu tenho inspiração para pintar muitas vezes quando ouço música, porque acho que uma arte está ligada com a outra. Às vezes você começa fazendo um desenho e no meio do caminho ele se torna outro, pois depende da sua criatividade e do modo como você vê sua obra”, refletiu Juliana.
A política adotada pelos artistas mirins é apoiada e endossada pelo secretário de Cultura de Osasco, Luciano Jurcovichi, que defende a idéia de pertencimento e participação do cidadão como agente ativo e constituinte da sociedade em que vive. “O objetivo da intervenção é transferirmos os estudantes da sala de aula para fora dos muros da escola em uma atividade extraclasse”, explicou.
Luciano ainda vai além. “Pretendemos envolver os alunos de artes plásticas nessa atividade e possibilitar a manifestação livre deles. Como artistas em formação, eles querem deixar a marca deles na cidade. A partir dessa intervenção deve ser criado um sentimento de pertencimento do estudante para com os espaços públicos. Vamos expandir a idéia para outras turmas e idades e levar para outros locais”, reforçou, dizendo que os estudantes foram incentivados por artistas estrangeiros, que realizaram em julho deste ano intervenções nos muros da Escola de Artes e fizeram um painel na Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, quando Osasco sediou o Encontro de Arte Urbana Brasil & Chile.
O secretário descreveu ainda as ações da pasta. “Estamos tentando potencializar a arte urbana na cidade. Em Osasco, tentaremos desenvolver o grafite em prédios públicos, o que inclui viadutos, colunas de sustentação, muretas de pontes e muitas áreas estão sendo mapeadas. A fachada da Secretaria de Cultura também foi grafitada e isso prova que estamos vivenciando nossas experiências”, ressaltou.
A Escola de Artes César Antonio Salvi abre novas vagas para diversos cursos no início de dezembro e está localizada na rua tenente Avelar Pires de Azevedo, 360, Centro. Para mais informações sobre curso, o telefone para contato é 3699-1490.