No final da tarde da quinta-feira, 17, o prefeito de Osasco, Emidio de Souza, concedeu entrevista coletiva, para comunicar as medidas já tomadas na cidade a respeito do atendimento às famílias desabrigadas pelas enxurradas do dia 16, e declarar estado de emergência na cidade.
O evento teve início com uma breve apresentação de data show acompanhada de explanação do secretário de Obras e Transportes, Waldyr Ribeiro Filho. As imagens mostraram a situação em que ficaram algumas ruas atingidas, além de cenas das ações de socorro e assistência às famílias.
O secretário chamou atenção para a anormalidade da chuva e de seu índice pluviométrico. “O pluviômetro da prefeitura instalado no Morro do Socó registrou 128 milímetros de precipitação em duas horas e meia. O previsto para Osasco era que em todo o mês de dezembro fossem registrados 201 milímetros. A chuva de ontem significou 60% do previsto para todo o mês e se concentrou justamente na zona Norte, especialmente sobre o Morro do Socó, Baronesa e Bonança”, disse, explicando que os piscinões inaugurados em 2005 em Osasco, um no Baronesa e outro no Rochdale, não suportaram a quantidade de água da chuva atípica.
Waldyr explicou ainda que na manhã de hoje, 17, tiveram início as ações de limpeza das ruas dos bairros mais atingidos e do trecho do Jardim Rochdale que compreende a rua Cuiabá e a marginal do Braço Morto do Rio Tietê. Ele disse que 300 homens da Secretaria de Obras, com 50 caminhões, 10 máquinas carregadeiras e 5 caminhões pipas, foram enviados ao local para os serviços de limpeza das ruas e das casas atingidas. As ações, segundo o secretário, continuaram até o final da tarde.
“Também estão no local 100 agentes de saúde, levando cloro para purificar a água, e prestando orientações sobre riscos de contaminações e epidemias. Foram destacados ainda 50 assistentes sociais da Secretaria de Promoção Social e do Fundo Social de Solidariedade (FSS), para prestar socorro aos desabrigados, inclusive com distribuição de cestas básicas, colchões e cobertores”, disse.
O contingente de servidores que atuaram no local contou também com agentes da Defesa Civil e da Coordenadoria de Combate às Enchentes e Áreas de Risco, que prestam orientações aos desabrigados e avaliam risco de desabamento de casas e barracos.
Chuva atípica – Emidio confirmou as palavras do secretário de obras, a respeito da característica anormal das enxurradas que assolaram Osasco no dia 16. “Vocês mesmo [da imprensa] divulgaram que em São Paulo choveu ontem o equivalente a 6 dias. Pois em Osasco foi o esperado para 18 dias”, disse.
Ele fez também uma ressalva para o fato de que, de 2005 para cá, desde a inauguração das obras antienchentes na zona Norte da cidade, resultado de uma parceria da prefeitura com os governos Estadual e Federal, a região estava conseguindo, no combate às inundações “os melhores resultados possíveis”.
O prefeito argumentou que Osasco sofre algumas desvantagens de ordem geográfica na zona Norte. “Osasco está logo após a confluência do Rio Tietê com o Rio Pinheiros. Além disso, as obras de alargamento e afundamento da calha do Tietê param em Osasco e quando o rio chega aqui, a velocidade da água reduz com tendência ao espalhamento dos afluentes”, afirmou.
A respeito das medidas preventivas tomadas pela prefeitura nos últimos meses, para preparar a cidade para o período de chuvas, Emidio disse que foi feito trabalho de limpeza de bocas de lobo e limpeza e desobstrução de galerias. “Não havia o que suportasse aquela chuva”, lamentou, com relação às pancadas do dia 16. “Mas logo após o final dela [da chuva] a água baixou muito rapidamente mostrando que o escoamento e a drenagem estavam em perfeito funcionamento”, salientou.
Tragédia evitada – Ainda de acordo com o prefeito Emidio, a tragédia da última chuva, que resultou na morte de uma menina de 4 anos e de um homem adulto, poderia ter tido maiores proporções, caso não tivessem sido retiradas cerca de 100 famílias do Morro do Socó, por ocasião do deslizamento de terra ocorrido em setembro. “A área toda veio abaixo com a enxurrada de ontem”, explicou.
Estado de Emergência – Ao final das informações, Emidio de Souza disse que, em razão de as áreas atingidas permanecerem sob risco de novos alagamentos e deslizamentos motivados pelo encharcamento do solo; e por causa da ocorrência de danos humanos e materiais de grandes proporções; assinava decreto de estado de emergência em Osasco, situação válida apenas para as áreas comprovadamente afetadas pelo desastre.
Estiveram presentes à entrevista e anúncio de decretação de estado de emergência em Osasco a primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Marcia Abreu e os secretários municipais Gilma Rossafá (Promoção Social), Jorge Lapas (Governo), Gelso de Lima (Saúde), Sérgio Gonçalves (Habitação e Desenvolvimento Urbano) e Renato Affonso (Assuntos Jurídicos), Mazé Favarão (Educação) e a diretora de Comunicação Social, Emilia Cordeiro.
Objetivos – O decreto de situação de emergência, medida prevista em Lei federal, permite as autoridades administrativas e os agentes de defesa civil penetrar nas residências afetadas, mesmo sem a anuência de seus proprietários, para prestar socorro ou determinar a evacuação das mesmas. Também autoriza a prefeitura, entre outras coisas, a dispensar de licitações os contratos para compra de bens necessários ao socorro no cenário dos desastres, tais como os serviços de limpeza dos piscinões Baronesa e Rochdale e obras de recomposição de pavimentos, calçamentos, pontes e passarelas.
“Se os piscinões não forem limpos da lama em algumas horas, poderemos ter perdas ainda maiores”, ponderou Emidio, afirmando ainda que a medida facilita a mobilização de recursos tanto humanos quanto materiais e financeiros, podendo estes últimos ser requeridos aos governos estadual e federal.
Dentre as iniciativas possíveis, Emidio salientou que algumas já foram iniciadas. “O Fundo Social já agendou reunião para amanhã com alguns empresários e firmou contato com outros, para pedir a doação de fogões e geladeiras”, disse, afirmando que já haviam sido registradas algumas doações de eletrodomésticos e o levantamento de orçamentos para as compras de colchões e alimentos. “As equipes do Fundo Social, coordenadas pela Marcia [Abreu, primeira-dama] já está nas ruas para cadastrar as necessidades dos desabrigados”, disse.
O prefeito afirmou que do dia 16 para o dia17 foram entregues às famílias afetadas pelas chuvas 200 colchões (todo o estoque do FSS), mais de 200 cestas básicas e cerca de 20 mil peças de roupas.
Outra medida emergencial será a solicitação de limpeza do Braço Morto do Rio Tietê, ao governo do estado.
SOS Osasco – O Fundo Social de Solidariedade da Prefeitura de Osasco solicita a colaboração de todos que puderem doar: alimentos, roupas, cobertores, móveis em geral, eletrodomésticos e demais utensílios domésticos para prestar auxílio aos desabrigados.
As pessoas interessadas em colaborar podem entrar em contato por meio do telefone 3652-9400, ou diretamente na sede do órgão, que fica na Avenida Bussocada, 140, Centro, Osasco