A Secretaria da Cultura realizou no último sábado, dia 16 de junho, na Escola de Artes César Antônio Salvi, durante a II Feira do Livro de Osasco, mais um encontro do Ciclo de Palestras “Osasco: Memórias e Perspectivas”, que teve como tema “Imigrantes e Operários”.
A palestra foi ministrada pela professora da Pós-Graduação do UNIFAI e da graduação do Centro Universitário Paulistano (UniPaulistana), Sônia Regina Martim, que traçou uma panorama sobre a história das primeiras ondas de imigrantes que se estabeleceram em Osasco, assim como sua influência na formação da população operária característica da cidade.
De acordo com a professora, as primeiras fábricas se instalaram em Osasco entre o final do século XIX e o início do XX, época de constituição da Vila Osasco, formando o embrião do que a cidade é hoje. Segundo ela, Osasco passou por períodos diferentes de imigração, tendo sido maciça a imigração italiana a partir de 1906. Dados levantados por ela em registros de escolas públicas da época apontam que, em 1909, 76% dos alunos eram italianos.
Baseando-se na pesquisa feita pela historiadora Helena Pignatari Werner e registrada no livro “A Origem do Movimento Operário em Osasco” (Cortez Editora), Sônia falou também sobre a influência que a população italiana teve na formação política do movimento operário osasquense. De acordo com esse levantamento, essa influência tem como ponto de partida a greve dos vidreiros da fábrica Santa Marina, na Barra Funda, em 1909. Segundo ela, após a greve, que foi fortemente reprimida, operários italianos com formação anarquista foram demitidos, encontrando trabalho em Osasco e, assim, transmitindo seus ideais à população operária que se desenvolvia.
Ainda de acordo com a professora, uma nova onda de imigração aconteceu em 1920, que trouxe à cidade armênios, russos, poloneses, alemães e outras nacionalidades, fugidos da situação catastrófica em que se encontrava o velho mundo pós-Primeira Guerra Mundial. No mesmo período, também chegaram à Osasco os primeiros negros, fazendo com que, em 1938, a cidade tivesse apenas 36,7% da população com ascendência italiana e tendo passado da condição de vila para bairro. “A partir de 1940 chegaram aqui os nordestinos, junto com a metalurgia pesada, contribuindo para formar em Osasco o núcleo operário”, explicou. “A partir daí, Osasco, devido ao crescimento industrial aliado ao crescimento populacional e à organização popular, atingiu uma característica diferente das cidades que passaram pelo mesmo processo. O Movimento Autonomista diferencia Osasco das outras cidades que se industrializaram, pois ali estava uma luta política”, pontuou.
O Ciclo de Palestras é um programa da Secretaria da Cultura que integra as celebrações em comemoração ao cinquentenário de Osasco e tem como objetivo resgatar a memória e difundir o conteúdo histórico do processo de desenvolvimento do município.
As palestras acontecem sempre aos sábados, uma vez ao mês. Ao longo do ano, estão programados mais cinco encontros.
Programação
14/07 – INDUSTRIALIZAÇÃO, CRESCIMENTO E MOVIMENTO OPERÁRIO
11/08 – ESPORTE, CULTURA E ARTE
15/09 – O PRIMEIRO VOO DA AMÉRICA DO SUL
20/10 – IMPRENSA E POLÍTICA
10/11 – PERSPECTIVAS